07/03/13

o caminho alcatroado

É longe, é perto, é relativo. Por razões culturais, para um Alentejano, “é já ali” e para o Lisboeta, o cabrão do Alentejano, enganou-o, até porque nunca mais chega a lado nenhum! À direita, à esquerda, campo desbravado, árvores dispersas, nem vivalma, casas em ruinas, km atrás de km e nada de chegar ao destino.

Agora com GPS, tudo ficou mais facilitado. Quem tem um, vai a Roma, não vai é à Quinta do Troviscal em Sobrado de Cães, ou ao Casal da Codiceira em Ruins, lá para os lados de Vila Real, longe, longe, ninguém sabe onde fica, correcção, quase ninguém sabe onde fica. O GPS não sabe.

E isto porquê? Ora, o carro que passou a recolher informação para actualizar os dados geográficos não se aventurou pelo caminho de terra batida que saía da estrada municipal, afinal não era a porra de um Jipe. Algumas tentativas resultaram em voltar em marcha atrás, ribanceiras assustadores e até a porcaria de um furo que por sorte se resolveu, não se sabe de onde, apareceu um pastor que ajudou a trocar o pneu. Caminhos que não vão dar a casa nenhuma. O Mário já não arrisca mais. Até porque a rede telemóvel não cobre todo o país ao contrário do que apregoam. Não fosse o pastor, teria morrido congelado.

O Mário não vai lá, o GPS não sabe onde fica, mas a D. Encarnação e a D. Dores vai para 80 anos que ali vivem. Ficaram sozinhas, foram-se embora os filhos p’ra França, morreram os homens, e a autarquia nunca mais se lembrou delas e das promessas feitas só a luz lá chegou.

A D. Encarnação e a D. Dores vivem a sua vida pacata a tratar da sua horta e dos animais e não sabem o que é um GPS, mas dava-lhes jeito o caminho alcatroado.