29/08/11

Equipamentos para SIG e Topografia

Os equipamentos para SIG e Topografia são obviamente relevantes para o tema do nosso blog, pelo que aproveitamos para publicitar os seguintes: MM100 e PM200 para SIG e Topografia.

No link seguinte, poderá visualizar uma breve apresentação no Youtube do novo GPS para SIG, o MM100.  

ver vídeo

Como características principais apresenta:

Receptor GPS com 45 canais
Precisão Submétrica / Decimétrica / Centimétrica
Trabalho em Tempo Real ou Pós-Processamento
GPS + Glonass + SBAS (EGNOS e WAAS) + RTK
Sistema Operativo Windows Mobile 6.5 - Excel, Word, entre outros;
Possibilita a instalação de software SIG, ArcPAD 8, ArcGIS Mobile, GvSIG, DigiTerra Explorer, OpenSource, etc.
Máquina Fotográfica Digital Integrada de 3 Mega Pixéis
Processador Ultra-rápido de 806 MHz
Internet: Modem Integrado GPRS/GSM
Conectividade Ilimitada: Bluetooth 2.0, USB, RS232 e Wireless LAN
Robustez Total: À prova de água, poeiras, impactos e quedas
Ecrã TFT Táctil de 3.5 polegadas
Bússola Electrónica
 
Para mais informação usar os seguintes contactos:
 
Telemóvel: 969 148 559 / 929 263 268
Telefone:  218 281 424 / Fax: 212 226 948
Email: digitalgeo.lda@gmail.com
Website:  http://www.mobilemapper.eu/ / http://www.digitalgeo.pt/

''I International Conference on Tourism and Sustainability LETS-ISLA - Challenges and Opportunities"

O Laboratório de Ecologia, Turismo e Sustentabilidade do ISLA-Lisboa (LETS ISLA) está a organizar a conferência internacional sobre Turismo e Sustentabilidade ''I International Conference on Tourism and Sustainability LETS-ISLA - Challenges and Opportunities'' http://www.ictsletsisla.com/ , a qual decorrerá no Campus do ISLA em Lisboa nos dias 22 e 23 de Setembro de 2011.
Esta conferência tem por objectivo essencial reunir e promover a troca de informação e debate multidisciplinar entre investigadores, empresários, elementos da administração pública (local, regional e nacional) e outros participantes interessados em turismo e desenvolvimento sustentável.

Como orador convidado estará presente Cipriano Marin, Vice-presidente do Centro da UNESCO das Ilhas Canárias e membro co-fundador do Instituto de Turismo Responsable  http://www.ictsletsisla.com/program/keynote-speaker . Por outro lado, no contexto da conferência será realizada uma visita técnica ao Parque Natural da Arrábida em colaboração com o ICNB - Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, para apresentação preliminar de um trabalho de investigação na área que está a ser desenvolvido pelo LETS-ISLA.

A submissão dos resumos das comunicações orais e posters a apresentar na conferência poderá ser efectuada até ao dia 30 de Agosto de 2011, através da seguinte página http://www.ictsletsisla.com/registration_form

Os interessados poderão aceder a informação adicional sobre a conferência aqui:
http://www.ictsletsisla.com/

18/08/11

Pessoas que fizeram História - José Fontes Rocha

A Toponímia, melhor dizendo, a Antroponímia é semelhante ao Bacalhau, isto é: existem mil e uma maneiras de fazer Bacalhau.
Existem muitas definições para a Antroponímia; mais elaboradas, mais eruditas, mais académicas, mais complicadas, etc., eu prefiro uma definição mais simples: Para mim, em definição simples, a Antroponímia “São Histórias de Pessoas Que Fizeram História”.
*
Faleceu na passada segunda-feira o Grande Guitarrista Fontes Rocha, não o conheci pessoalmente, mas assisti a espectáculos de Fado em que ele foi acompanhante, como Guitarrista era espectacular, como pessoa, deveria ser excelente pessoa, pois tinha muitos amigos.


José Fontes Rocha
José Fontes Rocha, nasceu a 20-09-1926, no Porto e faleceu a 15-08-2011, em Lisboa. Guitarrista e Compositor. Foi um dos mais destacados Guitarristas de Fado da sua geração. Descendente de uma família de Músicos, o pai tocava guitarra e violino e o avô paterno foi Regente e Compositor da Banda Filarmónica de Santiago, localidade próxima do Porto. Iniciou a sua aprendizagem musical (violino e solfejo) aos 12 anos de idade com o avô.

Aprendeu guitarra, de forma autodidacta, a partir dos 16 anos, tendo tomado contacto com o repertório do Fado de Lisboa e da Canção de Coimbra através da Emissora Nacional.

Exerceu a profissão de Electricista nos CTT – Correios, Telégrafos e Telefones (de então), dos 16 aos 30 anos de idade, tendo simultaneamente tocado guitarra como amador.

Em 1956 fixou-se em Lisboa, onde, dois anos mais tarde, começou a desenvolver uma carreira profissional como guitarrista, repartindo a sua actividade entre a actuação em Casas de Fado (O Patrício, Pampilho, na Calçada de Carriche, 1958; Adega Mesquita, no Bairro Alto, 1959-1967; Taverna do Embuçado, em Alfama, 1969-1974; Sr. Vinho, na Madragoa, 1961-1979) e o acompanhamento de Fadistas consagrados (Amália Rodrigues, Maria Teresa de Noronha, entre outros).

Ao longo da sua carreira, teve várias colaborações artísticas que configuraram o seu percurso: acompanhou Amália Rodrigues durante mais de 25 anos (1966-1991) em actuações no País e no estrangeiro; tocou com Raul Nery como segundo guitarra, em Casas de Fado (Taverna do Embuçado); integrou o Conjunto de Guitarras de Raul Nery durante oito anos (1959-1967); tocou com Carlos Gonçalves (segundo guitarra de Fontes Rocha em muitas das suas actuações com Amália Rodrigues).

Teve uma grande preocupação com a sonoridade e com as técnicas de execução da guitarra. Buscando uma sonoridade mais ampla (procura que o próprio atribui à exigência das obras compostas por Alain Oulman para Amália Rodrigues), optou por tocar numa guitarra de Coimbra, instrumento que se distingue do seu congénere de Lisboa sobretudo pela caixa de ressonância maior e mais arredondada, bem como pela afinação característica da canção coimbrã (um tom abaixo da afinação utilizada no Fado de Lisboa).

A sua preocupação com a sonoridade do instrumento levou-o igualmente a enveredar pela construção de guitarras, tendo construído o seu primeiro instrumento em 1973, segundo o modelo estabelecido por Artur Paredes e João Pedro Grácio. Desde então e até final do Século XX, fabricou 21 guitarras.

Influenciado por José Nunes, o seu estilo interpretativo enquanto acompanhador caracteriza-se por uma clara articulação das notas, pela utilização de contracantos constituídos por pequenas figuras melódicas ou, por vezes, por uma sequência cromática descendente de acordes executados em stacatto. Salienta-se o excelente encaixe entre as execuções de Raul Nery e Fontes Rocha no âmbito do Conjunto de Guitarras de Raul Nery, criando uma textura melódica entrelaçada que estabeleceu um modelo para os papéis do primeiro e do segundo guitarra no acompanhamento do fado.

Admirador da tradição musical coimbrã (sobretudo de Artur Paredes e de José Afonso, acompanhou cantores associados à Canção de Coimbra (Fernando Machado Soares, por exemplo), utilizando o estilo interpretativo característico daquela tradição, e executou arranjos instrumentais de sua autoria, do repertório da Canção de Coimbra, de José Afonso e de outras figuras da Música Popular Portuguesa.

Na introdução e no acompanhamento do Fado de Lisboa e nas variações de sua autoria utiliza, por vezes, acordes arpejados característicos da Canção de Coimbra, (por exemplo: Variações em Sol; Verde Pinho; verde Mastro).
Compôs fados e variações para a guitarra, dos quais se destacam:
  • Anda o Sol na Minha Rua (letra de David Mourão-Ferreira, interpretação de Amália Rodrigues);
  • Quentes e Boas (letra de José Luís Gordo, interpretação de António Mello Corrêa);
  • Fado Isabel (fado corrido cantado com várias letras por vários fadistas);
  • Lavava no Rio Lavava (letra e interpretação de Amália Rodrigues);
  • Trago o Fado nos Sentidos (letra e interpretação de Amália Rodrigues);
  • Até que a Voz me Doa (letra de José Luís Gordo, interpretação de Maria da Fé);
  • Meu Portugal, Meu Amor (letra de José Luís Gordo, interpretação de Maria da Fé);
  • O Teu Nome Meu Amor (letra de José Luís Gordo, interpretação de Maria da Fé);
  • Sou Daqui Deste Povo (letra de José Luís Gordo, interpretação de Maria da Fé);
  • Valsa em Si menor; Variações à Roda de Uma Valsa;
  • Variações em Sol Menor;
  • Evocação em Si Menor e Valsa em Si Menor.

A sua obra musical é muito extensa, composta por algumas centenas, não cabendo aqui, neste sítio a sua enumeração exaustiva, deixamos aqui, por isso, apenas alguns títulos:
  • Abraço sem abraço;
  • A água daquela fonte;
  • Apregoando cautelas;
  • Cantiga do semeador;
  • Destino marcado;
  • Lágrima;
  • Malmequer nunca mente;
  • Marcha da Madragoa;
  • A Mariquinhas vai à fonte;
  • Carta esquecida, etc., etc.

José Fontes Rocha recebeu o Prémio Amália Rodrigues Melhor Compositor de Fado em 2005.

Fonte: “Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX” (Direcção de Salwa Castelo-Branco, 4º Volume, P-Z, Pág. 1125 e 1126, Temas e Debates, Círculo de Leitores).

enviado por Manuel Cabaço Lopes, colaborador Tótó honorário

07/08/11

Marégrafo de Cascais

 - Imagine que queria medir o nível médio das águas do mar!


 - Não seria uma tarefa fácil, como deve calcular, pois as águas do mar estão constantemente a mexer-se e de modos diferentes, como todos os veraneantes frequentadores de praia bem sabem. São as ondas, os ventos, as correntes e as marés, tudo em movimentos aleatórios.


- Felizmente já alguém pensou nisso:

Para fazer essas medições, em 1877, em Paris, A. Borrel, construiu o sistema de medição do marégrafo.
O sistema fica dentro de uma construção, junto do mar, e funciona da seguinte maneira, há um poço ligado directamente ao mar e onde é colocada uma bóia que flutua com as águas do mar. O movimento da bóia é transmitido por um sistema de cordas e roldanas que está conectado ao sistema de medição, mais precisamente a uma caneta que regista numa folha de papel quadriculada o nível da bóia ao longo das 24 horas do dia, em metros. O rolo de papel encontra-se sobre um cilindro que roda lentamente com o ritmo marcado por um relógio.
- Depois é só fazer contas. Muitas contas!
Em Portugal há vários marégrafos, dada a nossa localização privilegiada junto ao mar. O mais famoso e um dos primeiros observatórios instalados na Europa dedicado ao estudo das correntes e marés, é o Marégrafo de Cascais.


Fica localizado na Marina de Cascais, logo à entrada da baía.


Bem, não é a sua localização original, foi construído em 1882, mas em 1900 sofreu uma deslocação de 30 metros! Trinta metros não parecem muito, mas foi o suficiente para ficar mais perto do mar e ficar num local onde as medições eram mais fiáveis. A instalação primitiva era só à experiência…



Os dados do marégrafo de Cascais são muito procurados por toda a comunidade científica, nacional e internacional, sendo disponibilizados já há mais de 120 anos.

Através dos seus registos calculou-se o nível médio das águas oceânicas na costa portuguesa.

Fonte: Rodrigues, A.; Coelho, J. (2002); “Geografia - Novas viagens”; Texto Editora
E calculou-se o Zero Hidrográfico, um mínimo absoluto que nem na maré mais baixa nem nas condições mais extremas é ultrapassado.

Outro dos mais importantes que foi recolhido por este Marégrafo foi o aumento do nível médio das águas do mar ao longo do século XX, 1,3 mm por ano.!!!!!


Actualmente, o Marégrafo de Cascais é operado pelo Instituto Geográfico Português, estando todos os seus dados a ser digitalizados por este, para serem devidamente estudados.


No entanto, próximo do mesmo local, há hoje um instrumento mais moderno, sem bóia, com medição do nível das águas por sinal acústico, e com transmissão directa de dados digitais por via telefónica. Mas o antigo marégrafo de Cascais ainda funciona e serve para calibrar os dados do novo aparelho. O antigo instrumento não é apenas um monumento histórico. Foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1997. Posteriormente, foi inserido num programa de revitalização museológica, estando aberto a visitas guiadas para escolas, fruto de uma colaboração entre a Câmara Municipal de Cascais e o Instituto Geográfico Português.





06/08/11

Pessoas que fizeram História - Dalila Rocha

Para quem, como eu trabalhou 39 anos e meio nos CTT (tempo que foi de mais mas, curiosamente, não foi suficiente, mas isso é outra história), é natural que nunca me consiga desvincular deste encargo.
Por isso, enquanto puder e souber, e dentro dos meus conhecimentos, abordarei aqui o nome de personalidades que foram figuras públicas, quer nos CTT, quer noutras áreas, mas que, por muito ou pouco tempo, tiveram um vínculo aos CTT.
Numa sociedade predominantemente machista (até há pouco tempo quase exclusivamente machista), é natural de sejam mais homens do que mulheres a aparecer aqui, não significa que não tenham existido mulheres dignas de ficar na História, significa apenas que a História e a Investigação da História não têm desempenhado bem o seu papel.

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Hoje vamos dar a conhecer alguns dados biográficos de Dalila Rocha, que se distinguiu como Actriz, e teve um vínculo aos CTT.
Dalila Ferreira de Sousa Rocha, nasceu em São Pedro de Loureiro (Peso da Régua), em 24-08-1920, e faleceu no Porto, em 28-07-2009. Era filha de Manuel Ferreira, e de Alice dos Anjos. Sendo a mãe Professora e tendo sido colocada na Escola Primária de S. Félix da Marinha, em Vila Nova de Gaia, no final dos anos vinte foi viver para Gaia e, depois para o Porto para frequentar o Liceu Carolina Michaelis, ainda nas instalações primitivas, onde viria a concluir o 5º ano.
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Aos vinte anos foi trabalhar para os Correios, como Telefonista, no Porto, onde permaneceu até à sua profissionalização no teatro (1957) – mais tarde, nos anos setenta, viria de novo a trabalhar nesta empresa, acto que preferiu a submeter-se ao “teatro” que combatia. Interessada nos problemas culturais e políticos (integrou o Movimento de Unidade Democrática, após a II Guerra Mundial) aproximou-se do CCT/TEP ainda antes da vinda de António Pedro para o dirigir.
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Em 18 de Junho de 1953 participou no primeiro espectáculo do TEP, sob a direcção de António Pedro, integrando a grande revolução estética que este operou no Teatro Português, com a introdução da encenação moderna e o sentido da unidade do espectáculo.Entre 1953 e 1961, primeiro como amadora (1953-1957), depois como profissional, foi a grande actriz do primeiro director artístico do TEP, deixando-nos personagens para a memória, como:
  • Linda Loman, em “A Morte de um Caixeiro Viajante”, de Arthur Miller;
  • Antígona e Artemísia, nas duas versões de “Antígona”, de António Pedro,
  • Lady Macbeth, em “Macbeth”, de W. Shakespeare,
  • Sevadilha em “Guerras do Alecrim e Manjerona”, de António José da Silva (O Judeu),
  • Maria do Mar, na “Promessa”, de Santareno,
  • Mary Cavan Tyrone, na “Jornada Para a Noite”, de Eugene O’Neill,
  • Branca em “É Urgente o Amor”, de Luiz Francisco Rebello,
  • Pôncia do Rosário em “O Morgado de Fafe Amoroso”, de Camilo Castelo Branco,
Temple Drake, no “Requiem”, de Faulkner, e tantos outros.com quem mais se identificou, João Guedes; a luz que melhor a valorizou, a de Fernando Teixeira; as fotografias que melhor definiram a exemplar actriz que foi, as de Fernando Aroso; o convívio com o extraordinário pedagogo teatral, que foi Deniz Jacinto.
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Tendo começado aos 33 anos uma carreira teatral exemplar, com António Pedro, foi-lhe muito difícil prosseguir, após a saída do TEP, com a sua actividade regular, até encontrar Luís Miguel Cintra e a sua Cornucópia. Modesta na profissão, fez grandes protagonistas no teatro, mas, também, pequenos papéis, sempre que reconhecia o valor dos encenadores que a dirigiam.
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Protótipo da anti-vedeta foi mais 
extraordinária na cena do que qualquer uma das colegas que assumiram o vedetismo. Entrou em peças como:
  • Gota de Mel, de Techekov;
  • Macheth, de Shakespeare;
  • Mar, de Miguel Torga;
  • A Mordaça, de Sartre;
  • Todos Eram Meus Filhos, de Miller;
  • Jorge Dandim, de Molière, etc.
Também encenou ali as peças:
  • Falar Verdade a Mentir, de Almeida Garrett;
  • e A Sua ou a Outra, de Isabel Schreiber.
Posteriormente, trabalhou no Teatro Villaret, de Lisboa. Actuou em diversas peças nos estúdios da TV, em Lisboa e no Porto. Foi homenageada pelo FITEI (1990) e Festival de Teatro de Almada (2005); Jorge Silva Melo dedicou-lhe “Coriolano”, de W. Shakespeare (1998); recebeu a Medalha de Mérito Municipal – Grau Ouro, da Câmara Municipal do Porto (2004), no mesmo dia em que o CCT/TEP recebeu igual galardão. O seu Teatro Experimental do Porto nomeou-a Sócia Honorária da Bandeira, no Porto, em 18 de Junho de 1998, onde foi lançado o livro “Dalila Rocha – Homenagem”, coordenado por Júlio Gago, com fotografias de Fernando Aroso, depoimentos de 46 personalidade, e edição da Fundação Eng. António de Almeida.
No TEP sentiu a direcção mais exemplar da sua carreira de actriz, a de António Pedro; a direcção de um outro mestre, Augusto Gomes; a dinâmica da contracenar com o actor António Pedro demitiu-se em 1961, mas Dalila Rocha prosseguiu a sua actividade na companhia até Janeiro de 1964, onde além de novas grandes criações, chegou a ser directora da companhia, estreando-se, também, na encenação.

Actriz para quem a ética significava muito mais do que os honorários que poderia receber no final do mês, teve alguns períodos de afastamento dos palcos para não pactuar com o “teatro” que condenava como “arte da mentira”. O seu teatro era uma arte de profunda devoção, de afã estudioso, de um aprofundar milimétrico da sua verdade, e não se compaginava com o de gentes que apenas procuravam o efeito fácil, as palmas ignorantes e ganhos materiais substanciais. O seu teatro, o teatro desta grande Senhora da cena portuguesa era um acto cultural e não um efeito de lazer ou de mentira pretensamente artística, âmbito em que se assumem as mais-valias financeiras, que como arte nunca o são. O seu teatro não era aquele que procurava o lucro fácil e a candidatura a “indústria”, mas aquele que subvertia criticamente o rame-rame de uma sociedade que era necessário mudar para melhor, e nunca deixá-la ficar como estava.


Fonte: “Dicionário de Mulheres Célebres”, (Américo Lopes de Oliveira, Lello & Irmão, Editores)
Fonte: “TEP – Teatro Experimental do Porto, Júlio Gago”
enviado por Manuel Cabaço Lopes, colaborador Tótó honorário