15/07/11

Ruas com História - Alfredo Pereira

Hoje vamos falar de Alfredo Pereira, Engenheiro Agrónomo- Silvicultor, mas que teve acção preponderante nos CTT, embora o seu nome esteja “Toponomizado” em Penafiel, não pela sua acção enquanto “Postalista” mas sim, como Deputado, eleito pelo círculo eleitoral de Penafiel.

Alfredo Pereira, nasceu em Macau, em 08-10-1853 e faleceu em Lisboa, em 29-03-1925. Era filho de Guilhermina Pereira e de Manuel Pereira.
Muito novo veio para Lisboa, onde estudou.
Com vinte anos apenas terminou o curso no Instituto de Agronomia e Veterinária como Engenheiro Agrónomo-Silvicultor.
Ingressou nos CTT em 1875, na categoria de praticante, o lugar mais modesto da escala hierárquica dos CTT daquele tempo. Bastante estudioso, foi dele o projecto para a instalação dos Serviços dos Correios, que obteve logo aprovação do Dr. Guilhermino de Barros.

Alfredo Pereira foi promovido a Oficial de 2ª Classe a 06-02-1878. Desde 1879 que foi encarregado da elaboração de vários estudos e fez parte de várias Comissões de Serviço. É de sua autoria o diploma que reorganizou a fusão dos Serviços de Correios e Telégrafos, que constituíam antes dois organismos independentes (decreto de 07-07-1880). Foi encarregado de dirigir os trabalhos de estatística, e começou a publicar anualmente, acompanhados de quadros gráficos, interessantes estatísticas, as primeiras que sobre o assunto apareceram em Portugal.

Em 1881 foi nomeado Professor do Curso Prático de Correios e Telégrafos, regendo com louvor a respectiva cadeira até que o curso foi extinto.

Tomou parte, como Delegado Português, no 3º Congresso da União Postal Universal, que se reuniu em Lisboa, em 1885, em que apresentou trabalhos de grande valia acerca de Estatística Postal e de Vales de
Correio. Os Congressos que se seguiram, de Viena e de Washington, não lhe fizeram alteração.
Este trabalho, apreciado por Comissões de que era Presidente o Delegado da Rússia e Vice-Presidente o da França, valeu a Alfredo Pereira a Comenda da Ordem de Santa Ana, da Rússia, e a Cruz de
Cavaleiro da Legião de Honra, de França. Emídio Navarro, quando Ministro, promoveu-o, em 1886, a Inspector-Geral dos Correios e nomeou-o para fazer o Regulamento dos Correios.

Em 1891 foi-lhe concedida a Carta de Conselheiro em atenção ao seu brilhante desempenho do cargo de Inspector-Geral, e ainda ao modo como, sempre que o substituiu o Director-Geral dos Correios e Telégrafos, se houve no exercício dessas funções. Exerceu interinamente o lugar de Administrador-Geral, no impedimento do Dr. Guilhermino de Barros, tendo sido nomeado por morte deste, por decreto de 19-04-1900, Administrador-Geral efectivo. Por ocasião das festas da celebração dos 25 anos da União Postal Universal, em 1902, foi a Berna, representar o nosso País.

No Congresso realizado em Londres, em 1904, salientou-se pelos vastos conhecimentos sobre o assunto e recebeu dos membros daquela assembleia as maiores felicitações e foi muito distinguido por Eduardo VII. Em Maio e Junho de 1902 foram feitas várias experiências, com a assistência do Rei D. Carlos I, dos primeiros ensaios de T.S.F., entre uma embarcação e uma estação costeira, com os melhores resultados. É devido à sua persistência que em 11-04-1904 começou a ser explorada a primeira linha telefónica do Estado, entre o Porto e Lisboa, seguindo-se, mais tarde, outros circuitos. No Congresso reunido em Lisboa, em 1908, foi Presidente.

Alfredo Pereira, foi deputado, representando o Círculo de Penafiel. Foi também secretário, interino, do Ministério das Obras Públicas. Funcionário muito zeloso, cumpridor e conhecedor da sua profissão, conseguiu em pouco tempo conquistar a simpatia e respeito de todos os seus subordinados.

Trabalhador incansável, deve-se-lhe a regulamentação de alguns diplomas mais importantes que regeram muito tempo a vida dos CTT. Assim redigiu:
Regulamento dos Serviços de Encomendas Postais (decreto de 16-11-1899);
Envios de Jornais em Paquetes Para as Empresas Jornalísticas (decreto de 16-11-1899);
Bases Para a Reorganização dos Serviços dos Correios e Telégrafos (decreto de 27-05-1900);
Dispensa de Carimbos em Jornais (decreto de 13-07-1900);
Todos os Sistemas de Telegrafia Sem Fios Considerados como Monopólio do Estado (decreto de 23-05-1901);
Regulamento Para o Estabelecimento e Exploração das Indústrias Eléctricas (decreto de 23-05-1901);
Regulamento Para o Intercâmbio de Encomendas Entre o Continente e Moçambique e as Ilhas e Estrangeiro (decreto de 14-11-1901);
Organização dos Serviços dos Correios e Telégrafos e o Controlo das Indústrias Eléctricas (decreto de 30-12-1901);
Organização dos Serviços de Contabilidade dos Correios e Telégrafos (decreto de 30-12-1901); Regulamento para os Serviços dos Correios (decreto de 14-06-1902);
Regulamento do Ensino Profissional dos Empregados dos CTT (decreto de 28-06-1902);
Regulamento para Admissões e Promoções (decreto de 28-06-1902);
Regulamento para o Estabelecimento e Conservação das Linhas e Estações Telegráficas e Telefónicas do Estado (decreto de 28-06-1902);
Regulamento das Concessões de Licenças para Estabelecimento de Exploração de Linhas e de Estações Telegráficas e Telefónicas e de Postos Semafóricos a Cargo de Particulares (decreto de 28-06-1902);
Regulamento dos Serviços de Contabilidade de Receitas e Despesas (decreto de 28-06-1902);
Redução dos Horários de Trabalho e Instituição do Abono aos Domingos (decreto de 07-05-1903); etc.

Escreveu alguns trabalhos e colaborou em alguns jornais, especialmente no Jornal do Comércio, de Lisboa, onde versou temas sobre Correios, Finanças, Agricultura, etc.

Era condecorado com o Grau de Comendador de Santiago, Comendador da Ordem de Santa Ana, da Rússia, Cavaleiro e Comendador da ordem da Legião de Honra, da França, da Rússia, do Japão, do Luxemburgo e da Roménia, etc.

O seu nome faz parte da Toponímia de Penafiel.

Fonte. “Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira (volume 21, pág. 112 e 113)”

enviado por Manuel Cabaço Lopes, colaborador Tótó honorário

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